Tato e serenidade, sem perda de firmeza

Silas Gehring Cardoso Ajori - 033
Muitas vezes, dois lados antagônicos chegam perto de um entendimento, depois de delicadas e perseverantes conversações. Eis que, de repente, uma voz isolada despeja algumas abobrinhas e tudo cai por terra. Os ânimos voltam a se exaltar e a situação fica pior que antes. Esse tipo de desfecho ocorre em empresas, em ambientes de trabalho, no lar, e em muitos outros lugares. Mas, em nenhum outro lugar ele é mais perigoso do que no topo do poder de um País. O equilíbrio do poder nem sempre é fácil de ser conseguido. As idéias são diferentes, e muitas vezes, conflitantes. É preciso muita paciência e muito jogo de cintura para contornar obstáculos, vencer resistências, e conciliar posições. Normalmente, essa tarefa é concluída com êxito por pessoas calmas, ponderadas e de muito bom senso. As pessoas sem esse jogo de cintura, tendem sempre a criar mais problemas do que ajudar a encontrar soluções. Muitas vezes, fazem tempestade em copo dágua e complicam situações até então fáceis de serem solucionadas. A ponderação, a calma, e principalmente o bom senso, estão neste momento, fazendo muita falta na vida política brasileira. Quem conhece, pelo menos um pouco a história de nosso país, sabe que as grandes conquistas, os grandes avanços se deram, não pela força bruta ou pelo "murro na mesa", mas pelo tato, diplomacia e serenidade, sem perda da firmeza de propósitos. A simples lembrança da ação do Barão do Rio Branco, que expandiu nossas fronteiras sem disparar um único tiro, é um exemplo muito claro da nossa realidade. Já outros personagens, quer de nosso país ou do mundo, que precipitaram decisões, deixaram um triste legado de dificuldades e sofrimentos. As pessoas confundem muito, ponderação com falta de ação. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Na verdade, uma coisa é o risco calculado com sabedoria e discernimento que pesa as probabilidades de sucesso e insucesso. Essa é uma atitude ponderada e equilibrada. Outra coisa totalmente diferente, é a aventura irresponsável, sem qualquer avaliação prévia do quadro, que quase sempre deixa um rastro de sacrifícios.

Silas Gehring Cardoso é redator chefe dos jornais Folha de Itapetininga e Tribuna Popular e presidente da AJORI Associação dos Jornalistas e Radialistas da Região de Itapetininga



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